Na nutrição esportiva, nem todo personal trainer ou profissional de Educação Física sabe exatamente quando indicar a suplementação para os clientes. Isso acontece porque, apesar de entender o papel que ela pode desempenhar, alguns fatores contribuem para que ele fique em dúvida.
Foi pensando nisso que preparamos este artigo com dicas importantes e outras informações relevantes sobre o tema. Boa leitura!
Qual a importância da suplementação?
Muito se fala a respeito dos suplementos alimentares. Geralmente, os comentários ou são no sentido de tratá-los como uma solução para todo e qualquer caso ou são feitos para apontá-los como grandes vilões que não devem ser usados em hipótese alguma.
Para falar do assunto com maior profundidade, entrevistamos Ney Felipe Fernandes, nutricionista e mestre em Biologia Molecular. Ney também fundou a metodologia Nutrição Avançada e é autor do livro “Nutrição esportiva: mitos e verdades” (2018, editora Phorte).
Segundo o especialista, “a suplementação é muito importante, mas, como o nome já diz, deve ser um complemento de uma dieta previamente estruturada”. Ele também comenta que “às vezes, os praticantes de atividades físicas erroneamente veem nela o alicerce do resultado. Na verdade, ela deveria ser ‘a cereja do bolo’, justamente para utilizarmos em períodos estratégicos e específicos”.
Sendo assim, de pouco adianta conferir à suplementação alimentar um papel que ela não tem. O mais fundamental de tudo é inseri-la em uma dieta desenvolvida de acordo com as necessidades nutricionais dos seus clientes.
Como avaliar a necessidade de suplementação?
Diversos profissionais encontram essa dificuldade. Afinal, como avaliar se um cliente precisa ou não de suplementos? Como entender a manifestação dessa necessidade fisiológica e oferecer as melhores indicações?
Para Ney, não é preciso esperar muito tempo para fazer essa constatação. “Quando atendemos o paciente, já na anamnese ou no recordatório, podemos identificar determinadas carências nutricionais. Nos exames bioquímicos, também podemos ver se há algum déficit micronutricional”, explica.
Isto é, converse com seu cliente e procure entender o histórico nutricional dele. Se necessário, encaminhe-o para um nutricionista. No entanto, tenha em mente que a necessidade de suplementação não está relacionada somente à carência de nutrientes. “Ela também pode ter um caráter ergogênico, ou seja, ampliar a performance ou a capacidade de recuperação do indivíduo”, observa Fernandes.
Você também pode fazer a avaliação, mas é preciso ter cuidado com restrições patológicas e afins na hora de indicar os suplementos. Por isso, em boa parte dos casos, é preferível recomendar que os clientes também procurem profissionais da área de nutrição.
Que argumento usar para convencer o cliente do investimento?
Se você (ou um nutricionista) indicou a suplementação, agora é hora de convencer o cliente a aceitar a decisão. Por já pagar personal trainer e ter outros gastos cotidianos, é provável que ele ofereça alguma resistência e tenha dificuldade de enxergar a importância de contar com a suplementação.
Porém, como é imprescindível mostrá-lo a relevância dos suplementos para chegar aos resultados almejados, a dica é apresentar essa demanda como um investimento (e não como um custo qualquer). Outra sugestão é fazer um paralelo com os alimentos saudáveis — que às vezes são mais caros — para que ele possa entender melhor.
Quais impactos a suplementação gera no treino?
Os impactos nos exercícios são bastante variáveis. Uma vez avaliada a condição da pessoa, deve-se alinhar os objetivos que ela tem à combinação entre treino e suplementos nutricionais. Assim, quando indicar a suplementação para os clientes, você já saberá o efeito que aquilo terá sobre a performance, recuperação e outros aspectos.
Nesse contexto, Fernandes pondera que “alguns suplementos podem melhorar a tolerância à acidose — a beta-alanina, por exemplo — gerando mais performance. Outros, como a creatina, podem aumentar a hidratação e o volume muscular”.
Mas não para por aí. “Também há aqueles que podem atuar na imunossupressão que o treino naturalmente causa. É o caso da glutamina. Ainda é possível utilizar carboidratos em gel como otimizadores metabólicos em treinos de endurance“, comenta o profissional.
Como você provavelmente notou, as considerações feitas dão uma dimensão das alternativas e impactos que a suplementação pode causar nos treinos e no desempenho de seus clientes.
O especialista ainda aponta essa diversidade como algo a ser devidamente analisado pelos personal trainers. “Há uma ampla gama de suplementos, e a aplicabilidade deve ser coerente com o biotipo do paciente e o esporte que ele pratica”, completa.
Quando o suplemento é contraindicado?
Como se trata de uma questão relativa à saúde, nem tudo é exato e todos os detalhes precisam ser observados com o máximo de cuidado.
Para Ney Felipe, as contraindicações existem. “Alguns pacientes com histórico de complicações renais, por exemplo, devem evitar o alto consumo de suplementos com vitamina C, cujo metabolismo produz oxalato de cálcio nos rins. Pacientes diabéticos ou pré-diabéticos precisam evitar suplementos insulinotrópicos etc. Aqueles que têm arritmias cardíacas devem ficar longe dos estimulantes”, alerta.
Portanto, é mais do que essencial ter cautela e entender o contexto. Como já destacamos nos tópicos anteriores, converse bastante com cada cliente e tente entender se ele tem hábitos saudáveis, como é sua dieta, o histórico de doenças e assim por diante.
Como fazer a indicação de suplementos?
Você já compreendeu a importância de analisar muito bem as particularidades da clientela, certo? Ainda assim, como indicar a suplementação para os clientes?
Depois de entender completamente o contexto e o histórico de seus clientes, indique uma suplementação que complementará a dieta que eles já têm. A ideia é que os impactos ajudem no treino e na recuperação, acompanhando o objetivo desejado — emagrecimento, ganho de massa, entre outros.
Não se esqueça de sempre ressaltar a importância de conversar com diferentes profissionais da saúde habilitados, como médicos e nutricionistas. Avaliações médicas e nutricionais são indispensáveis em alguns casos, principalmente na detecção de contraindicações e afins.
Os mitos relacionados à suplementação são comuns em virtude da popularização do fitness. Eles também são consequências dos exageros que muitas pessoas cometem em busca de status e de um corpo que corresponda aos padrões impostos pela mídia e a sociedade.
Portanto, além de saber quando indicar a suplementação para os clientes, explique que ela não é nem vilã nem heroína, mas precisa ser usada com consciência e responsabilidade.
E aí, gostou do texto? Se você quer saber mais a respeito de suplementação alimentar ou ficou com alguma dúvida, fale com a gente. Temos certeza de que poderemos ajudar